Foto: (Cláudio Vaz)
Goleiro em ação no treinamento do Inter-SM no ano de 2008
Laerte Fontana, ou simplesmente Goico, tem 43 anos e é natural de Santa Maria. Filho de Gabriel Paulino Fontana e Leonir Terezinha Rossi Fontana, tem uma irmã, Nuria Fontana. Radicado no Bairro Camobi, passou boa parte da infância na localidade de Três Barras, no distrito de Arroio Grande. Estudou das séries iniciais até o final do Ensino Médio na Escola Margarida Lopes. Fez mais de 800 jogos como profissional, 213 deles com a camisa do Inter-SM, do qual foi goleiro por 10 temporadas. Foi destaque na campanha do Alvirrubro no Campeonato Gaúcho de 2008, campeão do Interior. Conquistou acesso para a elite do futebol do Rio Grande do Sul pelo São Gabriel, em 2001, quando atingiu a marca de oito partidas sem levar gols. Marcou história no São José e no Cachoeira, ambos de Cachoeira do Sul, e rodou por Farroupilha, de Pelotas, Grêmio Bagé, Guarany, de Bagé, Riograndense e futebol catarinense. Ganhou o apelido de Goico em alusão ao goleiro argentino Goycochea, que se destacou na Copa de 1990 por ser grande pegador de pênaltis, característica que o santa-mariense provou ao longo da carreira. Em 2016, Goico decidiu "pendurar as chuteiras", tendo como último clube o Riograndense. Atualmente, ele é assessor comercial de uma marca de roupas esportivas femininas.
Foto: Arquivo pessoal
Ao lado do pai Gabriel (à esquerda), da mãe Leonir e da irmã Nuria
Diário - Fale um pouco da sua infância.
Goico - Sou da geração raiz. Não tinha dessa de videogame. Jogava taco e futebol na quadra de cimento. Esse era o nosso play station. Me diverti muito, convivendo com a vizinhança. Nunca deixei de lado minha essência e minha origem italiana. Comecei a jogar futebol em Três Barras. Quando meus pais vieram de lá, compraram uma casa em Camobi, com a intenção de que eu e minha irmã estudássemos na Escola Margarida Lopes e, depois, na UFSM. Então, me criei no Bairro Camobi.
Diário - De onde surgiu o apelido Goico?
Goico - Nas categorias de base tive uma passagem no futebol da Argentina. Muito se dizia que, com o nome de Laerte, eu não iria "vingar" na carreira. Modéstia à parte, a minha facilidade em defender pênaltis fez com que comparassem as minhas defesas com o desempenho do goleiro argentino Goycochea, grande pegador de pênaltis dos anos 1990.
Diário - Você sempre quis ser jogador?
Goico - Aos 14 anos, eu ainda jogava na linha, no Inter de Três Barras (time amador do distrito de Arroio Grande). Um dia, faltou goleiro, e eu fui atacar. Comecei a pegar gosto e permaneci. Dos 15 para os 16 anos, fui para as categorias de base do Inter-SM. Disputei duas Copas Santiago, uma delas pela Seleção de Santa Maria e outra pelo Cruzeiro, de Santiago. Na segunda delas, o Grêmio me convidou para jogar. Acabei não me apresentando, mas não me arrependo. Depois, retornei para a base do Inter-SM, lembro de embates épicos contra os juniores do Grêmio que tinham Danrlei, Roger e companhia. Com 20 anos, cheguei a desistir, me fez falta um empresário. Aos 21 anos, voltei ao futebol e me profissionalizei no São José, de Cachoeira do Sul. A partir daí, a carreira deslanchou.
Diário - Por que os jogadores não se tornam mais referência como se tornavam anteriormente, até os anos 1990 e 2000?
Goico - Porque, hoje em dia, a "Geração Nutella" só quer saber do melhor ângulo para tirar a foto, da melhor forma para mostrar a chuteira colorida. No meu tempo, a importância que a gente dava era pelo aprendizado de cada dia, pelo valor da convivência com os atletas mais experientes. Éramos apaixonados por jogar futebol. Hoje em dia, valem muito mais as cifras.
Diário - O que o futebol significa para você?
Goico - Primeiramente, o futebol me fez cidadão. O maior legado do futebol é tu ires a qualquer região do Rio Grande do Sul e, mesmo tendo atuado apenas no Interior, ser reconhecido. Do futebol, fica tudo aquilo que aprendi de positivo, ou seja, a essência do esporte, a disciplina que se deve ter, os resultados que podem ser positivos e negativos, as lições que as derrotas nos deixam, os amigos que se faz. Ficam as boas recordações. O futebol tem o poder de nos tornar conhecidos em todos os cantos do mundo. As pessoas mais experientes me trouxeram ensinamentos, e eu reforço que o Inter-SM, no qual passei 10 temporadas, foi um celeiro disso.
Diário - Quando decidiu parar de jogar e o que o você faz atualmente?
Goico - Foi muito difícil. Vi que, por algum tempo, era possível fazer bons contratos no primeiro semestre. Já no segundo semestre, eu estava jogando por "migalhas". Sinal de desvalorização. Pensei em mim, e, mesmo em condições de jogar, parei. Atualmente, sou consultor e assessor comercial de uma marca criada por um engenheiro americano, que produz roupas esportivas para melhorar o desempenho das mulheres que praticam atividades físicas. Viajo pelo Estado divulgando a marca, dando treinamentos, abrindo novos pontos comerciais. Nesse novo ramo, tive oportunidade de visitar mais de 100 cidades.